sábado, 30 de março de 2013

Regalos dos Beatles

Aconteceu então que meu filho e minha nora foram até a Europa. Em dado momento dedicaram seus pensamentos a mim - o que muito me envaidece - e debruçados sobre balcões de lojas puxaram de suas carteiras e dela sacaram algumas notas em troca dos regalos que exibo abaixo.

E a mim os trouxeram. E a mim encheram de júbilo e alegria. E a mim foi dado encantar o olhos com estes pequenos tesouros.

Abri-os e por eles fui levado para momentos que, se não os viví fisicamente, vivo-os no coração. 

São réplicas de ingressos, revistas dirigidas aos fãs, uma carta que os moços assinaram e enviaram para o fá clube, a edição de um jornal londrino do dia da volta dos Fab4 à Inglaterra de sua turne pelos Estados Unidos, e tem até um pequeno livreto que é o que hoje chamamos de member card ship do Cavern Club. E uma camiseta!

Obrigado meus filhos,



sexta-feira, 15 de março de 2013

Aos Reinaldos da esquerda

Não é de hoje que observo que muita gente, tem exceções é claro, que milita do lado esquerdo da politica nacional faz uso das palavras de um modo tão belicoso quanto daquele blogueiro de quem não se diz o nome, há casos ainda que são bem piores que êle.

De alguns textos que se lê por aí exala tanto preconceito quanto são preconceituosos os radicais do outro extremo do espectro politico.

Parte dos blogueiros, tuiteiros e facebookeiros passam a impressão de que não querem mais pensar. 

Adotaram um discurso monocordico pra lá de conhecido e que já perdeu a eficiencia. Não impressiona mais. Muito pelo contrário estimula, isso sim, o acirramento da beligerancia que antes vinha de um só lado mas que agora tomou conta de todo o campo politico. E isso não ajuda em nada.

 Se há um discurso sobre avanços sociais, de melhoria da qualidade de vida e de intelecto de todos os cidadãos, isso deveria passar obrigatoriamente pela cordialidade, pela não-agressão e muito menos pelas ironias despejadas todos os dias web afora. Mas não é assim que acontece.
 
Há que se pensar que por trás do discurso de tolerancia há também gestos de intolerancia. Há que se pensar que quando há exigencia de que os opostos devam raciocinar sobre as realidades do Brasil, os que o fazem devem dar mostras de que assim fazem eles e, algumas vezes isso é necessário, deveriam reconhecer as qualidades de uns e outros.

Encontrar qualidades no "diferente" vai bem ao encontro daqueles que fazem exaltação pelo fim das lutas sejam de pensamento ou de comportamento. Insistir de que o outro é apenas um mal sujeito e nada mais que isso revela maniqueismo.

Anteontem a igreja católica elegeu seu lider máximo. Não passou meia hora e a internet estava infestada de comentários, relatos agressivos e de criticas severas ao novo papa. Pra que? De que serve isso?  O que fazem estes presunçosos vigilantes da ética alheia imaginarem que suas criticas ajudarão a igreja a dar um só passo na direção justamente do que dizem querer? Acham que vai ser simples assim? Eu não acho.

E são justamente esses os que deram duzentas voltas para deixar por menos a aproximação de Lula com Maluf. E que dizer do assanhamento dos chamados progressistas no Congresso que não dão ponto sem nó, na busca de preservar muitas vezes seus interesses bem menores que aquilo que realmente interessa ao pais. Como é que foi mesmo a indicação do bispo não sei das quantas para a comissão dos direitos humanos, senão um acordo politico que beira a deslealdade com quem está do lado de fora daqueles gabinetes?

Chega disso. Cresçamos, digo isso por mim é claro. E no que me diz respeito não quero me tornar tão rançoso e rancoroso como aqueles a quem critico e que estão do lado de lá.

Prefiro ter esperança. Essa esperança que Leonardo Boff, um homem que indiscutivelmente sempre militou a favor das minorias, manifesta a favor da igreja que, apesar de tudo, o baniu. Isso é grandeza.

O artigo de Leonardo Boff a respeito do novo comando na igreja está aqui. 







quarta-feira, 13 de março de 2013

A rotina das emoções

Já sei que vou escrever aqui algumas obviedades, mas acredito que desprezar o óbvio é esquecer as coisas importantes das quais se diz que são óbvias. Melhor dizendo, ao fugir de dizer coisas que se pensa que todo mundo já está cansado de saber muita coisa acaba caindo no esquecimento. Então acho que praticar o óbvio também pode ser útil.

Então chega desta óbvia encheção de linguiça e vamos ao mais óbvio ainda.

Caminho no Parque do Carmo todas as manhãs e faço o mesmo que a multidão de outros caminhantes que estão por ali indo e vindo pelo mesmo trajeto, as mesmas curvas, as mesmas alamedas e a mesma  direção todos os dias.

O Parque do Carmo é um parque bonito como são bonitos quase todos os parques. E junto com o beneficio físico que me dou ao fazer uma caminhada, aproveito e distraio os meus olhos com a paisagem de beleza imaginável de um parque.

Porém hoje eu acordei a fim de uma revolução e, na falta de algo muito espetacular para mudar, resolvi experimentar fazer o caminho inverso que faço todas as manhãs no parque. E fui por onde costumo vir e vim por onde costumo ir.

E comecei a observar, com alguma surpresa, outros ângulos do parque, uns recantos bonitos com cores e arvores que eu não tinha notado antes e de repente meus olhos estavam fazendo festa. Dei-me conta de que aquelas emoções iniciais que eu sentia nos primeiros dias em que comecei a caminhar por ali, já não eram as mesmas. As coisas não me sacudiam mais do mesmo jeito. A observação diária das mesmas paisagens já não fazia o mesmo efeito. Foi preciso eu mudar o trajeto para perceber isso.

E daí a começar imaginar sobre valores, ideologias, crenças e tudo o mais foi um pulo.

Pensei que um dos motores que nos impulsionam vida afora são nossas crenças e valores. E é falando delas que nos damos a conhecer e identificar. É através delas que nos posicionamos no mundo, que temos atitudes e todas as suas consequências como entusiasmo, garra, ou indignações e até mesmo paixões.

Mas mesmo o nosso discurso sobre valores e crenças quando muitas vezes repetido da mesma maneira, com as mesmas palavras, nos mesmos momentos, acabam se perdendo numa rotina que pode diminuir sua ênfase e seu objetivo. Nos tornamos repetitivos, cansativos e maçantes.

Então mesmo que se mantenha o conteúdo é bom dar uma sacudida na forma, é bom se portar de maneira diferente. É bom dar oportunidade de ser ver as mesmas coisas, mas de outro angulo.

De agora em diante fico atento: quando eu começar a adivinhar até mesmo quais os passarinhos que estão na próxima curva de alguma alameda do parque eu mudo de trajeto. Não que eu não queira vê-los mais, pelo contrário, quero sim continuar a nota-los, mas prestando atenção no que estou fazendo.