quinta-feira, 23 de maio de 2013

Posso ter vida plena?

Por sugestão de Denise Bastos, lá no Facebook, cheguei a este texto   que faz uma reflexão bem bacana a respeito da busca pela felicidade vivida por nossos jovens hoje em dia.

E durante a leitura eu fui aos poucos trocando o tratamento na terceira pessoa que é dado pelo autora e substituindo pela primeira pessoa, no caso eu mesmo. Pois não é de hoje que eu tenho percebido a insistência com que somos chamados a ser obrigatoriamente felizes. Algo justamente parecido com o que está acontecendo com os jovens citados no texto mencionado.

Toda vez que manifesto minha insatisfação com alguma coisa, ou acuso o recebimento de um golpe certeiro das vicissitudes da vida ouço alguém me aconselhar a pensar positivo, a acreditar na superação ou, de maneira mais radical dizem nem pense essas coisas por que atrai mais. Mais uma vez, comparando o texto dito acima com a realidade que vivo, percebo a correta percepção da autora perguntando: "Mas é possível uma vida sem frustrações?"

E foi pensando nisso que lembrei de um curso de capacitação que fiz recentemente, fazendo parte de um grupo de oito pessoas. Nas várias reuniões havidas ao longo do curso sempre havia uma dinâmica que consistia em falarmos a respeito de um sentimento humano. O grupo dava a sugestão sobre qual sentimento seria comentado no dia e a maioria vencia. Notei que na maior parte das vezes os sentimentos escolhidos eram os, digamos assim, menos nobres como inveja, ciúme, egoísmo e outros.
Só houve um encontro em que falamos de amor, esse então tido como um sentimento desejável. Algo um tanto contraditório na medida em que justamente os sentimentos mais lembrados foram os mais negados.

Pois a respeito dos sentimentos menos nobres a quase unanimidade do grupo declarou não tê-los. Assombrei-me, pois isso é uma negação de uma parte do feixe da vida. Digo que vejo os sentimentos humanos como um feixe mesmo. Bem amarrado, compacto e unido difícil de ser desmanchado com os solavancos naturais das idas e vindas que damos pela vida. 

Mas há gente que insiste em desamarrar esse feixe, ou no mínimo afrouxar o nó, transformando é claro, esse feixe muito bem montado inicialmente, em uma maçaroca inconstante que vai deixando pedaços pelo caminho, havendo o risco de no fim da caminhada ter apenas um pequeno punhado de sensações e lembranças sobre as lições da vida.

Não sei desde quando acontece mas o que  sei é que se ouve cada vez mais a repetição de formulas para a felicidade que vão desde intrincadas explicações sobre de onde viemos, o que fazemos e para onde vamos até como trilhar o caminho para a Terra Prometida entre os ícones da tela do Iphone, tornando a felicidade quase obrigatória. Pois precisa mesmo ser muito tolo e não ser feliz diante de tantas e fáceis soluções.

Quando penso na distancia temporal em que se encontram os primeiros habitantes da terra, quando penso ainda na enorme caminhada que a humanidade tem pela frente, chego a achar engraçada a pretensão das soluções para os males que afligem e continuarão a afligir o ser humano desde sempre e daqui por diante. Será que o homem de hoje distante há milhões de anos dos seus ancestrais e de outros milhões de anos distante dos seus futuros e últimos descendentes sabe o que aflige cada um e tem a solução para essa aflição?

A única coisa que é certa e comprovada nessa longa caminhada da humanidade sobre a terra é que a negação da vida em sua plenitude faz mal. E a plenitude vem do reconhecimento do que somos e do que sentimos. 

Não há prazer em beber sem ter sede ou comer sem ter fome.

Como já disse Eclesiastes quando fazia a si mesmo as perguntas que nos fazemos hoje: há um tempo para tudo debaixo do sol. Precisamos estar conscientes desse tempo. E sentir o que o tempo exige que sintamos, sem medo, sem repressão, sem julgamento. Isso é vida plena.

Um dia desses, eu separo um tempinho e ponho em dia todos os choros que não tenho tido tempo de chorar” (Carlos Drummond de Andrade) ...














segunda-feira, 15 de abril de 2013

Suspeito que isso esteja errado

Ouvi um dia desses pela rádio CBN um reporter dando conta de um crime ocorrido em São Paulo e dentre outras coisas ele disse: "a policia informa que ainda não há informações sobre os suspeitos do crime".

Pelo que sei uma pessoa só pode se tornar suspeita  após surgir alguma prova de que tenha cometido um crime. Não se pode mesmo saber nada sobre suspeitos sem que existam indicios apontando para alguém. Um erro, portanto, de linguagem.

Mas tem uma coisa mais importante sendo debatida no mundo do crime a respeito da qual eu também suspeito que esteja errada. Trata-se da alteração da idade minima, ou máxima, para se punir criminosos em geral.

Há uma corrente fazendo um esforço enorme porém muito simplório, em defesa da redução da maioridade de 18 para 16 anos com o argumento de que muitos adolescentes andam cometendo crimes por conta da  impunidade que suas idades propiciam. E, segundo a logica simplista desta corrente, basta acenar com uma punição um tanto mais severa para que os tais adolescentes passem a pensar duas vezes antes de cometer um crime.

Pra começar eu digo que a sensação de impunidade permeia a sociedade de maneira geral, entre criminosos ou não, na medida em que se percebe em muitos casos uma mistura de incompetencia, burocracia e desaparelhamento do Estado no combate ao crime. Tudo temperado com a boa e velha corrupção.

Isto posto havemos de pensar no seguinte: tudo começa na incapacidade seja da policia miltar na prevenção ou da policia técnica na apuração, em reprimir criminosos seja lá da dimensão que for, inclusive singelos infratores de transito. E quando as policiais conseguem com seus metodos rudimentares e muitas vezes por conta do acaso descobrir e prender possiveis criminosos de qualquer coisa a punição destes esbarra na lentidão do sistema judiciário cuja demora se dá tanto na ponta da condenação e o consequente aprisionamento, como na ponta da soltura do criminoso, haja vista os vários e equivocados indultos em datas especiais ou atrasos na liberação do apenado no final do cumprimento de sua pena.

Porém superadas as ineficiencias diversas do sistema policial e judiciário temos ainda o descalabro do sistema prisional corrupto e corporativista, onde tanto aquele criminoso mais perverso e contumaz quanto o ladrão amador e ocasional de celulares ficam presos juntos na mesma cela superlotada, proporcionado a contaminação deste ultimo pelo que há de pior no mundo do crime, mandando as favas qualquer possibilidade de recuperação para o convivio em sociedade de individuos que, repetindo, apenas em um momento fora da curva normal de sua vida cometeu uma ilegalidade.

Penso que essa torcida simplista por maior rigor na punição ou a ampliação do universo, hoje restrito pela idade minima de dezoito anos, dos criminosos em geral tenha surgido do reconhecimento silencioso da monstruosidade em que virou nosso sistema de proteção, digamos assim, dos cidadãos em geral.

Tivessemos nós um sistema policial de repressão rápido e bem aparelhado, um modelo judicial ágil e eficaz e um modelo prisional repleto de exemplos de recuperação de individuos para a sociedade, talvez fosse cabivel pensar em mudar a maioridade penal.

A insistente negativa em reconhecer que o erro não esta apenas nos bandidos mas em todo o modelo repressor da criminalidade, causa pérolas como a que eu ouvi hoje de um dos muitos "especialistas" que infestam a midia nacional chamados a comentar com toda a superficialidade possivel assuntos que merecem reflexão um tanto mais profunda. E disse o tal especialista na defesa do aumento da idade penal:

" Não! Não digam que eu sou contra os Direitos Humanos. Sou a favor de que existam esses direitos sim mas que sejam dados a quem merece."

Pelo que entendi esse cidadão entende a raça humana como sendo possivel de ser dividida entre quem é mais humano e quem é menos humano. Eu no lugar dele proporia então uma mudança no titulo dos tais Direitos Humanos. Poderiamos passar a chamar o Direito dos Direitos, ou o Direito dos Bonzinhos, ou o direito daquele tipo de humano que se pretendesse prestigiar.

Ou afinal, a exemplo do reporter que eu citei lá no inicio, esta deve ser mais uma daquelas pessoas que tem problemas com o significado das palavras.

 

 













quarta-feira, 3 de abril de 2013

Musicas dos Beatles em pinturas.




Uma galeria de arte na Irlanda - a The Cooper House Gallery - resolveu ilustrar algumas músicas dos Beatles e convidou 40 artistas irlandeses para que traduzissem em gravuras os sucessos da Banda.

E deu no que deu. Para mim que sou eterno admirador da banda e razoavel conhecedor do conteudo das musicas retratadas, achei que os artistas expressaram muitissimo bem o conteudo das obras dos Fab4, e conseguiram demonstrar pela enésima vez que uma imagem vale por mil palavras.

A seguir eu coloco aqui no Jotazoom apenas algumas das 40 gravuras publicadas pelo museu. Podem ver todas neste endereço aqui.







































































































































































#25






sábado, 30 de março de 2013

Regalos dos Beatles

Aconteceu então que meu filho e minha nora foram até a Europa. Em dado momento dedicaram seus pensamentos a mim - o que muito me envaidece - e debruçados sobre balcões de lojas puxaram de suas carteiras e dela sacaram algumas notas em troca dos regalos que exibo abaixo.

E a mim os trouxeram. E a mim encheram de júbilo e alegria. E a mim foi dado encantar o olhos com estes pequenos tesouros.

Abri-os e por eles fui levado para momentos que, se não os viví fisicamente, vivo-os no coração. 

São réplicas de ingressos, revistas dirigidas aos fãs, uma carta que os moços assinaram e enviaram para o fá clube, a edição de um jornal londrino do dia da volta dos Fab4 à Inglaterra de sua turne pelos Estados Unidos, e tem até um pequeno livreto que é o que hoje chamamos de member card ship do Cavern Club. E uma camiseta!

Obrigado meus filhos,



sexta-feira, 15 de março de 2013

Aos Reinaldos da esquerda

Não é de hoje que observo que muita gente, tem exceções é claro, que milita do lado esquerdo da politica nacional faz uso das palavras de um modo tão belicoso quanto daquele blogueiro de quem não se diz o nome, há casos ainda que são bem piores que êle.

De alguns textos que se lê por aí exala tanto preconceito quanto são preconceituosos os radicais do outro extremo do espectro politico.

Parte dos blogueiros, tuiteiros e facebookeiros passam a impressão de que não querem mais pensar. 

Adotaram um discurso monocordico pra lá de conhecido e que já perdeu a eficiencia. Não impressiona mais. Muito pelo contrário estimula, isso sim, o acirramento da beligerancia que antes vinha de um só lado mas que agora tomou conta de todo o campo politico. E isso não ajuda em nada.

 Se há um discurso sobre avanços sociais, de melhoria da qualidade de vida e de intelecto de todos os cidadãos, isso deveria passar obrigatoriamente pela cordialidade, pela não-agressão e muito menos pelas ironias despejadas todos os dias web afora. Mas não é assim que acontece.
 
Há que se pensar que por trás do discurso de tolerancia há também gestos de intolerancia. Há que se pensar que quando há exigencia de que os opostos devam raciocinar sobre as realidades do Brasil, os que o fazem devem dar mostras de que assim fazem eles e, algumas vezes isso é necessário, deveriam reconhecer as qualidades de uns e outros.

Encontrar qualidades no "diferente" vai bem ao encontro daqueles que fazem exaltação pelo fim das lutas sejam de pensamento ou de comportamento. Insistir de que o outro é apenas um mal sujeito e nada mais que isso revela maniqueismo.

Anteontem a igreja católica elegeu seu lider máximo. Não passou meia hora e a internet estava infestada de comentários, relatos agressivos e de criticas severas ao novo papa. Pra que? De que serve isso?  O que fazem estes presunçosos vigilantes da ética alheia imaginarem que suas criticas ajudarão a igreja a dar um só passo na direção justamente do que dizem querer? Acham que vai ser simples assim? Eu não acho.

E são justamente esses os que deram duzentas voltas para deixar por menos a aproximação de Lula com Maluf. E que dizer do assanhamento dos chamados progressistas no Congresso que não dão ponto sem nó, na busca de preservar muitas vezes seus interesses bem menores que aquilo que realmente interessa ao pais. Como é que foi mesmo a indicação do bispo não sei das quantas para a comissão dos direitos humanos, senão um acordo politico que beira a deslealdade com quem está do lado de fora daqueles gabinetes?

Chega disso. Cresçamos, digo isso por mim é claro. E no que me diz respeito não quero me tornar tão rançoso e rancoroso como aqueles a quem critico e que estão do lado de lá.

Prefiro ter esperança. Essa esperança que Leonardo Boff, um homem que indiscutivelmente sempre militou a favor das minorias, manifesta a favor da igreja que, apesar de tudo, o baniu. Isso é grandeza.

O artigo de Leonardo Boff a respeito do novo comando na igreja está aqui. 







quarta-feira, 13 de março de 2013

A rotina das emoções

Já sei que vou escrever aqui algumas obviedades, mas acredito que desprezar o óbvio é esquecer as coisas importantes das quais se diz que são óbvias. Melhor dizendo, ao fugir de dizer coisas que se pensa que todo mundo já está cansado de saber muita coisa acaba caindo no esquecimento. Então acho que praticar o óbvio também pode ser útil.

Então chega desta óbvia encheção de linguiça e vamos ao mais óbvio ainda.

Caminho no Parque do Carmo todas as manhãs e faço o mesmo que a multidão de outros caminhantes que estão por ali indo e vindo pelo mesmo trajeto, as mesmas curvas, as mesmas alamedas e a mesma  direção todos os dias.

O Parque do Carmo é um parque bonito como são bonitos quase todos os parques. E junto com o beneficio físico que me dou ao fazer uma caminhada, aproveito e distraio os meus olhos com a paisagem de beleza imaginável de um parque.

Porém hoje eu acordei a fim de uma revolução e, na falta de algo muito espetacular para mudar, resolvi experimentar fazer o caminho inverso que faço todas as manhãs no parque. E fui por onde costumo vir e vim por onde costumo ir.

E comecei a observar, com alguma surpresa, outros ângulos do parque, uns recantos bonitos com cores e arvores que eu não tinha notado antes e de repente meus olhos estavam fazendo festa. Dei-me conta de que aquelas emoções iniciais que eu sentia nos primeiros dias em que comecei a caminhar por ali, já não eram as mesmas. As coisas não me sacudiam mais do mesmo jeito. A observação diária das mesmas paisagens já não fazia o mesmo efeito. Foi preciso eu mudar o trajeto para perceber isso.

E daí a começar imaginar sobre valores, ideologias, crenças e tudo o mais foi um pulo.

Pensei que um dos motores que nos impulsionam vida afora são nossas crenças e valores. E é falando delas que nos damos a conhecer e identificar. É através delas que nos posicionamos no mundo, que temos atitudes e todas as suas consequências como entusiasmo, garra, ou indignações e até mesmo paixões.

Mas mesmo o nosso discurso sobre valores e crenças quando muitas vezes repetido da mesma maneira, com as mesmas palavras, nos mesmos momentos, acabam se perdendo numa rotina que pode diminuir sua ênfase e seu objetivo. Nos tornamos repetitivos, cansativos e maçantes.

Então mesmo que se mantenha o conteúdo é bom dar uma sacudida na forma, é bom se portar de maneira diferente. É bom dar oportunidade de ser ver as mesmas coisas, mas de outro angulo.

De agora em diante fico atento: quando eu começar a adivinhar até mesmo quais os passarinhos que estão na próxima curva de alguma alameda do parque eu mudo de trajeto. Não que eu não queira vê-los mais, pelo contrário, quero sim continuar a nota-los, mas prestando atenção no que estou fazendo.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Souvenir of China

Fotos que fiz no Horto Florestal - SP, em uma manhã de muita neblina e que sugeria que o mundo estava em preto branco.

A musica no video é Souvenir of China de Jean Michel Jarre.




terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Maracatu

Nesta segunda de carnaval aconteceu no Sesc Itaquera a apresentação de dois blocos de maracatu. Um era o Bloco de Pedra e o outro Lele D´Oya.

Eu estive lá conferindo. E gostei.


















segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Traveling Wilburys

George Harrison, Roy Orbinson, Tom Petty e Bob Dylan juntos só pode dar coisa boa.

E  a Traveling Wilburys foi uma banda que nasceu sem querer quando essas feras se uniram para gravar Handle With Care, e isso foi lá pelos idos de 1988. Se entenderam tão bem que resolveram
gravar outro album sob o dito nome que foi uma inspiração de Harrison.

Dado que tinha toda a pinta de algo temporário e só pra fazer uma graça, usaram pseudonimos :

Nelson Wilbury - George Harrison
Lefty Wilbury - Roy Orbison
Otis Wilbury - Jeff Lynne
Charlie T. Wilbury Jr. - Tom Petty
Lucky Wilbury - Bob Dylan

Confiram:







quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Direito de resposta já.




Desde que Ayres Britto quando ainda era Presidente do STF desregulamentou completamente a imprensa nacional - e entenda-se imprensa como qualquer órgão noticioso - deixou caminho aberto para a avalanche de denuncismos, informações erradas e manipulações dos fatos que temos visto crescer cada dia mais.

Pode não ter sido intenção do ex-ministro mas com esse ato ele criou uma espécie de inimputabilidade para a imprensa e aos jornalistas, colunistas, editorialistas, ancoras e até blogueiros, enfim qualquer um,  para quem foi dado o direito de dizer o que quiser e de quem quiser sem qualquer obrigação com a verdade ou com a honra e a dignidade dos envolvidos nas supostas informações que divulgam. 

Para dizer a verdade nem mesmo com o vocabulário existe cuidado. Palavras grosseiras e ofensas gratuitas descoladas do ponto central da informação são ditas como se fossem pertinentes ao caso, permitindo aos leitores e ouvintes que partam para analises subjetivas sobre o caráter e a idoneidade dos que são envolvidos no assunto colocado em pauta. O que é evidentemente uma injustiça gritante.

Talvez não tenha ocorrido ao ex-ministro Ayres Britto que a informação pode, resguardada a sua natureza própria, ser vista como um caso de saúde pública. Ou seja, a informação tem o dom de, mesmo que temporariamente, influir em condutas e comportamentos levando aqueles que a recebem a cometerem erros quem sabe impossíveis de serem corrigidos mais tarde.

O mesmo ex-ministro criou em substituição à Lei de Imprensa  uma comissão dentro do Conselho Nacional de Justiça que pretensamente seria a mediadora de casos envolvendo a imprensa e os que se sentem agredidos em sua honra, dignidade, honestidade etc. Mas essa é uma comissão apenas burocrática cuja atuação pode ser usada para dificultar ou retardar os esclarecimentos dos fatos

Penso que muito antes de se discutir a regulação ampla da imprensa, em especial os oligopólios e as propriedades cruzadas, pode-se e deve-se regulamentar o direito de resposta o que, em meu entendimento, é muito mais simples e que diz respeito ao conjunto inteiro da sociedade

O direito de resposta precisa ser visto como uma defesa, ainda que informal, antes que o caso vá parar, se necessário, nos Tribunais. A defesa da honra e da dignidade precisa ser acolhida rapidamente e vista como um patrimônio de cada individuo e como tal respeitado. Não se podem esperar meses ou anos para que um cidadão tenha a sua versão dos fatos publicada - mesmo assim se ocorrer essa publicação nos dias de hoje ela é feita com destaque muito menor do que a denuncia - constrangendo-o não só na vida publica, mas junto de seus familiares e amigos também.

Aos órgãos de imprensa caberia a responsabilidade, ou o direito, de apresentar as provas do que noticiou mantendo sua versão dos fatos até que a Justiça desse a palavra final.

E mais uma vez comparando a informação como um caso de saúde pública, o direito de resposta - ou defesa - pode ser visto como o atendimento no Pronto Socorro Hospitalar de um individuo ferido seja por que ele foi o agressor ou foi a vitima. As condições e as razões dos ferimentos serão vistas mais tarde pelas investigações policiais e pela Justiça. Mas o que importa é que uma vida foi preservada em sua plenitude, não cabendo a nenhum ser humano dispor da mesma de outro modo que não seja dentro dos estritos limites dos direitos de igualdade conforme reza nossa Constituição.